segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Os dias passam quadrados - parte II

Como os leitores viram, citei dois momentos de lazer que "me dou ao luxo" durante a semana: uma partida de futebol no sábado e um chimarrão no domingo. Mas não vou mentir, tenho mais dois outros momentos de lazer na semana: um é assistir ao CQC na segunda-feira à noite. E o outro, algo que não abro mão: ler. Pelo menos meia hora por dia faço isso. Às custas do sono.
Uma pessoa atenta, que leia a postagem anterior e esta, deve pensar: "mas então tu está fazendo tudo isso de uma vez para ficar rico, em seguida já diminui o ritmo e passa a curtir a vida". Assim fosse, mas não vejo perspectiva disso. Como os amigos viram, meu lazer custa R$ 10,00 ao mês. É a mensalidade do futebol de sábado... Ok, mais o custo da erva no chimarrão de domingo! E dos livros que compro.
Tá, não vou ser hipócrita, vez ou outra como um xis ou vou em algum restaurantezinho. Ou compro um vinho. Mais exceção do que regra.
Digo mais: tenho 34 anos e, embora seja fissurado em crianças, não tenho ainda condições de ter um filho.
Ou seja, não é para ficar rico que encaro toda esta rotina não; é para pagar as contas e ter um ou outro luxozinho (se é que dá para chamar assim) de vez em quando.
E o que é pior (e agora o leitor entenderá o título desta série): sinto o tempo passar, mas não o curto.
Durante o dia vejo amanhecer, fazer um dia maravilhoso (com muito sol ou chuva) e ir anoitecendo, sempre pela janela das salas de aula em que estou. Depois vejo pela janela de casa as noites quadradas, até ir dormir e levantar no outro dia para vê-lo novamente quadrado. E assim sucessivamente. Até uns doze anos atrás sofria de uma leve insônia, não conseguia dormir sem me revirar pelo menos duas horas na cama. Estou, há anos, absolutamente curado: deito tão esgotado que normalmente não se passam mais do que 5 minutos entre o momento que deitei e a inconsciência.
A vida passa a ser uma sucessão de dias em que não se vive, e quando o cara vê já tem 34 anos e não viu passar uma boa parte deles.
É o custo de ficar adulto? Não pelo que vejo da maioria de meus amigos não professores (estes, aliás, muitas vezes não entendem minha falta de tempo, meu não poder ir ou fazer algo que eles convidam - acham que é pouco caso ou que estou dando desculpa...). Talvez seja o custo de escolher uma profissão penosa, mal remunerada e, mais absurdo ainda, vista até com maus olhos pela sociedade. Isto sim, não dá para entender. E derruba a pessoa...

Um comentário:

Anônimo disse...

aii isso me deixa prfundamente triste,verdade vc nem imagina...
de pensar que se eu quiser fazer o que gosto a maior certeza é ter essa rotina...ou ter de estudar muito para chegar em um nivel um pouco melhor como professora de facul.pesquisadora ou algo do genero(mas haja dinheiro para manter estudos...)
andressa.