domingo, 28 de dezembro de 2008

Férias!!!!


Férias, finalmente!!!!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sobre os olhos escuros

"Olhos negros, apaixonados
Olhos ardentes, olhos belos
Como eu vos amo
Como vos temo!
(...)
Em má hora eu vos encontrei..."

(Tchekhov, em Champanha - Relato de um velhaco)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Audiolivro

Interessante a readaptação do mercado editorial de livros. Recebi uma proaganda de audiolivros (http://www.americanas.com.br/cgi-bin/WebObjects/ComboStore.woa/wa/combo?comboId=1281&chave=livros_banAudioLivr&WT.mc_id=LIVR002076&WT.mc_ev=click&opn=XDTOWM&par=emailacom)
e dei uma checada nos títulos. Pouca coisa, por enquanto, mas a tendência do novo formato é crescer. Principalmente em uma sociedade cada vez mais apressada (afoita, diria), onde tempo passa a se tornar quase tão raro quanto dinheiro (http://doisolhosescuros.blogspot.com/2008/11/difcil.html). Para quem perde muito tempo no trânsito, legal. Quer dizer, se estiver dirigindo; se for no ônibus ou trem, nada impede que se LEIA o livro, em vez de ouvi-lo - a menos que o ônibus sacuda muito! Como o trânsito, de uma maneira geral, está cada vez mais caótico, pode vir a se tornar um bom negócio... Se for para estimular a "leitura", o acesso à cultura escrita, em um país que lê tão pouco (e onde as pessoas muitas vezes não entendem o que lêem), pode ser interessante.
Mas convenhamos: não substitui o charme do livro de papel. Nem o cheirinho das folhas!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Clarividência...

Não, não acredito em clarividência, esse título foi só para provocar mesmo, e, quem sabe, para despertar curiosidade!
Seguinte, hoje em dia muito² tem se falado em crise econômica, suas causas, "remédios", etc - é o assunto mais fácil de encontrar. Para fugir do comum, recorri a textos ou obras de antes dessa crise. Fui parar em Alain Touraine - Como sair do liberalismo?, de 1999.
Só um trechinho, que diz muito:

"A economia é um sistema de meios que devem ser postos para fins políticos [o grifo é meu]. Há uma imensa distância entre dizer 'é preciso libertar a economia das intervenções desajeitadas do Estado e de modos de administração social que se tornaram ineficazes', e dizer 'é preciso que os mercados se auto-regulem, sem intervenção externa'.
Esta segunda maneira de pensar tem um nome: capitalismo, que é tudo, menos essa globalização da economia da qual quanto mais se fala menos se define. O capitalismo é a economia de mercado quando esta recusa todo controle exterior e, pelo contrário, procura agir sobre a sociedade inteira em função de seus próprios interesses. O capitalismo é a sociedade dominada por sua economia." (p.21)

Relembrando, o texto é de dez anos atrás. A ausência do Estado na economia, característica até 1929 e depois novamente após a segunda metade do século XX, tende a redundar em crises cíclicas como a que estamos assistindo. Não é questão de azar.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Gauleses Irredutíveis

Grande dica de leitura, principalmente para quem curte rock e aquele feito no RS:


Gauleses Irredutíveis - causos e atitudes do rock gaúcho (Alisson Ávila, Cristiano Bastos e Eduardo Müller). Tinha lido há anos atrás, quando foi lançado, mas meio na correria. Reli agora e relembrei algumas histórias e 'causos' interessantíssimos das principais bandas e músicos do estado, e desde as precursoras até muitas das que ainda existem. É na verdade uma coletânea de depoimentos dos músicos do estado, mas que conta a origem de cada banda, como cada uma despontou (e como algumas terminaram) e muita fubangagem que rola/ rolou nas turnês ou nos estúdios/ apartamentos do pessoal. O livro tem, como diz o título, muitos causos e muita atitude - como o rock do estado.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Solidariedade

Na boa, não custa quase nada (para nós), mas para quem está na situação, é de grande ajuda. Refiro-me ao que está acontecendo em Santa Catarina.
Há contas no Banrisul, Itaú e Bradesco (deve ter em outros bancos também) destinadas exclusivamente a doações para SC. "Num gosto desses negócios de doar dinheiro" - não tem problema, o Centro Administrativo (Porto Alegre), o Grêmio, o Inter, toda a rede Zaffari/ Bourbon e mais pencas de lugares estão recebendo e encaminhando doações em espécie de alimentos, roupas e remédios. É só ir em um desses lugares de credibilidade e ajudar!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Enodicas I

Uma boa opção para o verão que já começou a dar seus sinais é o Miolo Reserva Chardonnay, de agradável paladar e a um preço bem acessível (menos de R$ 20,00) a garrafa. Muita gente não gosta de vinhos brancos, e costuma beber, no máximo uns tintozinhos, e só no inverno; verão normalmente é associado à cerveja... Nada demais, ainda mais com esses calores (indecentes) que têm feito nos últimos verões, mas quando se adquire o hábito do vinho, vê-se que um bom branco, gelado, é igualmente refrescante e agradável. Com uma boa tábua de frios ou uma jantinha leve (até porque feijoada ou outras comidas pesadas nem caem tão bem assim no verão), então, é que nem o cartão de crédito aquele: não tem preço! O importante é ter um ou dois cuidados básicos, tipo: abrir na hora de beber e apenas gelar o vinho, não congelar ou colocar em freezer com temperaturas negativas. De resto, é só curtir o sabor e o momento; mais que isso torna o hábito do vinho uma coisa enfadonha (atividade dos chamados "enochatos").

domingo, 30 de novembro de 2008

Risoto de charque

Conforme já comentei anteriormente (http://doisolhosescuros.blogspot.com/2008/09/espaguete-ao-conhaque.html)
a boa mesa é um dos grandes prazeres da vida! Poucas coisas se comparam ao prazer que uma boa refeição (comida, ambiente, companhia, contexto, ...) pode proporcionar, e desde a preparação: o ritual em si para o preparo de uma comida, quando se tem o devido tempo, já é um "prato cheio", meio que une as pessoas envolvidas.
Tá chega de blablablá, que já está dando fome, let's go!


Risoto de Charque (Receita retirada de Um gordo à la carte, do Chef José Luiz de Souza)

Ingredientes (para 8 pessoas):
- 1 kg de charque dessalgado em três pré-fervuras (guardar a água do segundo dessalgue)
- 2 xícaras de arroz arbóreo, próprio para risoto
- 1 xícara de cebola picada (a cebola, não a xícara!)
- 1 colher de sopa de alho picado
- 5 colheres (sopa) de azeite
- açafrão a gosto
- 4 colheres de sopa de manteiga
- 1 xícara de queijo parmesão
- 1 caixinha de creme de leite
- 1 dose de conhaque
- 1 xícara de vinho Sauvignon Blanc

Preparo:
- Refogue a cebola e o alho no azeite
- Junte o charque e refogue por alguns minutos
- Inicie a colocar a água do dessalgue reservada e vá completando e mexendo sempre
- Junte o açafrão diluído em um pouco de caldo e quando estiver al dente, adicione os demais ingredientes

Coisa de louco!!! Já entrou no cardápio aqui de casa!
Assim como a Italiana e a Mediterrânea em geral, a culinária campeira também é, na humilde opinião deste que vos escreve, o que há de melhor!
Algumas coisas básicas:
1.O arroz para risoto DEVE mesmo ser o arbóreo, fazer com arroz comum, por mais que se use todos os demais ingredientes, não fica a mesma coisa. A diferença de preço é pequena, e o resultado, a diferença no prato, é GRANDE.
2. O açafrão dá um toque especial ao prato, principalmente pela cor que lhe confere. Mas cuidado, como ele é meio forte (como colorante, não tanto pelo gosto), uma boa pitada já deve dar aquela coloração amarela inconfundível.
3. Pode-se tranqüilamente harmonizar a refeição com uma boa salada verde variada (2 tipos de alface, agrião e rúcula) e com o mesmo vinho Sauvignon Blanc utilizado na preparação do prato.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Blog

Linkinho bem legal:

http://olambda.blogspot.com/

Clicaí e te diverte!
Já era bom com os textos do Mago Whalietric; agora está todo reformulado, com mais variedades e colunistas em várias áreas, coisa muito estilosa.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

HESTRANHO!

Não é meu, mas é bem legal, pelo grafismo e pelo conteúdo:
hentre
hos
hanimais
hestranhos
heu
hescolho
ho
humano
(Arnaldo Antunes)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um bom!

Quem diria que, em meio a esse turbilhão de coisas acontecendo (não, não me refiro ao mundo, mas a mim!), consegui acabar de ler um grande livro, nas raras horas de folga, em almoços, jantas ou insônias... Grande livro pela qualidade mesmo: História do século XX, de Paulo Vizentini (Porto Alegre: Ed. Novo Século).


Não é novo, é de 1998, mas extremamente atual, escrito com a lucidez quase profética que é característica do autor, assim como a concisão absurda. Coisa de quem vê muito além do óbvio, e tem acesso a bons materiais e fontes. É a prova de que há como fazer um livro histórico de qualidade mesmo com um recorte de tempo grande. Ao contrário do outro que comentei aqui, tempos atrás (http://doisolhosescuros.blogspot.com/2008/10/muito-ruim.html) este TEM conteúdo, ainda que abrangendo um século em um volume apenas. É incrível a capacidade do autor de explicar grandes temas ou processos em poucos parágrafos, que, por isso mesmo, tornam-se extremamente densos. Confesso que uma ou outra passagem tive de ler mais de uma vez... A visão do autor também, com todo o embasamento teórico que possui, é bem interessante em determinados aspectos, assim como sua fundamentação. Tem, por exemplo, peito para discordar de um Hobsbawm, e com argumentos!!!!
Enfim, se fosse escrever um livro de História, é assim que gostaria que fosse!

domingo, 23 de novembro de 2008

Difícil...

Mundo difícil esse...
Precisa-se de dinheiro para viver,
mas rala-se tanto para isso
que falta tempo para viver.
ou
Precisa-se de tempo para viver a vida,
mas quando se tem muito disponível
não há o dinheiro necessário...
A coisa não é fácil.

sábado, 15 de novembro de 2008

Ausência!

Pessoal, em seguida estarei de volta. Época conturbada do ano, falta tempo para tudo...

domingo, 2 de novembro de 2008

Transitoriedade

Impressionante o quanto as coisas estão cada vez mais descartáveis no mundo atual. Que a maioria dos produtos/ mercadorias já nasce com "prazo de validade" definido (e normalmente curto) não é novidade. Não me refiro a alimentos, mas a roupas, carros, modas (e modismos), gírias, móveis e utensílios, músicas, relações pessoais/ amorosas e uma série infindável de outros produtos... Isso, como foi dito, não é novidade. O que surpreende é ver como as idéias/ teorias/ sistemas estão também tornando-se rapidamente obsoletos. Enquanto que o liberalismo de Adam Smith teve mais de um século de 'vigência', de duração, até a Crise de 1929, seu filho, o modelo neoliberal, chegou ao seu limite em torno de meio século (década de 50 a 2008)...

domingo, 26 de outubro de 2008

Adolescente irresponsável?

O amigo leitor deve conhecer vários daqueles adolescentes irresponsáveis, que aprontam mil e uma coisas e, na hora do aperto, vão pedir ajuda aos pais. Sim, alguns têm bem mais de 20 anos até, mas as mesmas características: a empáfia, a arrogância ("eu posso tudo"), a irresponsabilidade e a inconseqüencia típicas da idade, além da certeza da impunidade ("não dá nada"!)... O motivo pode ser o mais variado possível: colocar fogo em um mendigo (ou em índio), por exemplo, e depois ir correndo se esconder debaixo da toga de juiz do papai... Pixar prédios, se envolver com tráfico, fazer rachas nas ruas e matar alguém inocente... Comprar de tudo o que couber no cartão de crédito e depois não pagar e ser "socorrido" pelo papai ou pela mamãe zeloza... Enfim, exemplos não faltam.

O que é isso agora??? Discussão de valores/ mentalidades?

Não, a verdade é que o estágio atual do capitalismo nos lembra um pouco isso. A mentalidade do livre-comércio, da desregulamentação da economia, da não-intervenção do Estado na esfera econômica, enfim, do jogo especulativo do mercado imobiliário, que por alguns anos foi tão forte, tão dominante, agora pede ajuda ao papai. A voracidade, a inconseqüência e a irresponsabilidade de um setor da economia agora dependem do governo para se recompor. Em ambos os casos (no do adolescente que prejudicou alguém e no da economia) muitos pagam pelo erro ou desatino de alguns. Sendo que neste cenário que vemos atualmente, a velha máxima "lucros privados, prejuízo coletivo" é mais do que nunca latente.

sábado, 25 de outubro de 2008

Mudanças!!

A proposta inicial era tratar aqui de amenidades, coisas que dão prazer à vida. Mas há uma mente inquieta por trás de tudo isso e, acredite, gente que me faz perguntas sobre história e atualidades... Então, sem esquecer das coisas boas da vida (discutir outras não deixa de ser bom!), usaremos este espaço para algumas outras idéias. Me sugeriram que fizesse outro blog para essas coisas, mas o tempo para mim segue a lei da oferta e da procura - quanto mais escasso se torna, mais me é valioso! Aguarde novas postagens!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Muito Ruim!!!

Bah, acabei de ler (não sei como) o Uma breve história do mundo - nem vou botar a imagem dele aqui. Assusta que esteja há tantas semanas na lista dos mais vendidos. Assusta não pela falta de qualidade, pois tem vários assim lá; mas sim porque se tem tanta gente assim lendo o livro, em seguida ninguém mais vai gostar de história. Li até o fim esperando que viesse alguma coisa, que ligasse a história, que surpreendesse, mas nada... Sorte que o recebi da editora para analisar, pois se tivesse gasto com isso estaria me arrancando os cabelos!
Sim, eu sei que não caberia a história do mundo (ainda que de forma breve, como diz o título) em um livro, mas poderia ter alguma história, algo que perpassasse a obra, linkando os temas ou algo assim. O livro que meio que mudou minha vida, que fez com que me apaixonasse pela história, Deuses, túmulos e sábios (C W Ceram) é assim - o subtítulo é "O Romance da Arqueologia". E olha que li com uns dez ou onze anos de idade. E olha que tem umas quatrocentas páginas... Tá, é mais restrito, não pretende abordar TODA a história, mas tem um enredo. E, o principal - CUMPRE O QUE PROMETE, ao contrário deste outro (Uma breve...), que ainda por cima tem erros, espero sinceramente, de tradução (espero que as coisas grosseiras que vi não sejam do autor...). E, pior ainda, o autor constantemente insisite na "história do se" - o livro é quase que inteiro de suposições pessoais (algumas bem viajantes), tipo "se os EUA, desde a década de 1860 tivessem sido dividido em duas nações (...) o resultado da Segunda Guerra Mundial poderia ter sido muito diferente." Aham, assim mesmo, do nada. Sem apresentar porquê. Putz, analisa o que aconteceu, não o que NÃO aconteceu, será que é muito difícil?
E eu cheio de livros bons, perdendo tempo...

sábado, 11 de outubro de 2008

Contos de Amor e Ciúme

Amigos, acabo de ler Contos de Amor e Ciúme, de Machado.


Há alguns bem conhecidos, como A Cartomante, mas outras boas surpresas (ao menos para mim), como Frei Simão, O segredo de Augusta, O machete e To be or not to be. Além da constante ironia do autor, há um interessante retrato de época, com seus costumes (e dissimulações), jogos de interesses (e aparências) e valores (explícitos e implícitos). E o tema (amor/ ciúme), em Machado, não poderia ser mais apropriado. Mais a cara de Machado, só se fosse feita uma coletânea intitulada "Contos ambíguos"!!! Enfim, deve ter sido difícil a tarefa de Gustavo Bernardo ao selecionar os contos que compuseram este volume...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Absurdo!

Não é nenhum lançamento ou novidade, mas é difícil de explicar, e mais difícil ainda encontrar coisa mais psicodélica do que isso:

Gravado nas ruínas e no anfiteatro de Pompéia (sim, aquela mesma!), é uma viagem total misturar algumas das músicas mais psicodélicas do Pink Floyd com a atmosfera de Pompéia e com algumas imagens de outras erupções à noite, coisa de se contorcer todo, e babando... A viagem começa e termina com Echoes, faixa de 27 minutos (tem no álbum Meddle) que a pessoa nem sente o tempo passar (nem o mundo girar...). Para não pensar em nada, ficar só existindo... Indescritível, mas se alguém encontrar palavras para explicar, que por favor me empreste!!!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Espaguete ao conhaque

A boa mesa é sem dúvida um dos grandes prazeres da vida, e a culinária italiana é o que há de melhor. Agradeço sempre por ter boa saúde e uma mente despreocupada em relação a questões estéticas como medo de engordar, etc. Assim sendo, compartilho com o amigo leitor uma receita irresistível, simples mas com um toquezinho de sofisticação. É o seguinte:

Espaguete ao Conhaque

Ingredientes (para 4 pessoas):
- 500 g de espaguete
- água fervente abundante
- sal grosso
- 50 g de manteiga
- 1 colherinha de farinha
- 1 cebola picada
- 1/4 de maçã picada
- 1 copo pequeno de conhaque
- 200 g de nata (eu faço com creme de leite e fica o canal)
- 50 g de queijo ralado
- 100 g de presunto picado
- sal e pimenta a gosto

Preparo (olha que barbada!!):
1. Derreta a manteiga em uma panela e coloque a farinha, mexendo sempre. June a maçã e a cebola e mexa em fogo baixo. Flambe a cebola com o conhaque. coloque a nata e o queijo ralado, misture e adicione o sal e a pimenta.
2. Enquanto isso, em outra panela, coloque o sal grosso com a água fervente e o espaguete. Depois de pronto, reserve duas colheres da água em que a massa cozinhou e passe o espaguete na peneira. Coloque-o numa travessa, cubra aos poucos com o molho e misture. Coloque tiras de presunto e a água reservada por cima.
3. Sirva-se, de preferência acompanhado de um vinho expressivo como um Cabernet Sauvignon (por causa do conhaque)
4. Prove
5. Tente segurar o gozo
6. Agradeça o fato de poder saborear os pequenos prazeres da vida!


A receita é do livro A boa cozinha com sotaque italiano, de J. A. Pinheiro Machado e Iotti (Anonymus Gourmet e Radicci) - L&PM, e é fácil e prática mesmo. E EXCELENTE!!!! Sempre achei que o "flambado" fosse mais uma questão de estética (valoriza o prato) do que de paladar propriamente dito, mas é impressionante o gosto que deixa na cebola (e no molho)! Vale a pena experimentar!

sábado, 20 de setembro de 2008

Desafio

Impressão minha ou todos os candidatos a prefeitura estão com praticamente o mesmo discurso e os mesmos projetos? Muda um numerozinho aqui um ou outro novo guardinha a mais e só...
Proponho um desafio ao amigo leitor (no caso, e-leitor - ou melhor, eleitor!): anote os projetos e promessas de cada um dos candidatos de sua cidade em papéis diferentes, sem colocar o nome do candidato. Depois embaralhe bem os papéis e tente descobrir qual é de cada candidato.
Fiquem à vontaade para me contar se conseguiram ou não.
E na sua cidade, caro eleitor, como estão as coisas?

terça-feira, 16 de setembro de 2008

CQC

Nada como o CQC (Custe o que custar, Band, segundas-feiras às 22:00) para provar que é possível fazer bons programas na TV aberta! Descontração, humor, informação e ironia² sem apelação, é o melhor (senão único bom) programa da TV aberta no Brasil. Não é novidade, é uma franquia que existe já em vários países, mas que é feita com extrema competência por aqui por Marcelo Tas, Rafinha Bastos, Marco Luque, Felipe Andreolli, Rafael Cortez, Oscar Filho, Danilo Gentili e Warley Santana. Para quem perdeu, repete no sábado às 20:15, vale a pena conferir!

domingo, 14 de setembro de 2008

O Pintor de Retratos





Acabo de ler O pintor de retratos, de Assis Brasil,


mais um bom livro do autor. Muito interessante pela peculiaridade do tema (pintor - assim como seu pai, avô e seis gerações anteriores - em dificuldades na Itália e na Europa, muda-se para o Rio Grande do Sul, onde passa a tentar a sorte pintando retratos. É, porém, a época da chegada da fotografia - final do século XIX - e uma série de conflitos estéticos/ artísticos se instalarão, não apenas nos pintores e fotógrafos, mas na sociedade da época), bem como pelas alegorias e metáforas empregadas pelo autor. Característica da obra de Assis Brasil, a contextualização temporal (menções à Revolução Federalista) e espacial (andanças do protagonista pelo Rio Grande do Sul) aparece aqui mais uma vez presente, localizando e orientando o leitor. Outro detalhe positivo é a construção dos personagens, que são permitidos a conhecer mais por suas ações do que por descrições detalhadas do autor, que não existem. Leitura, enfim, fácil e agradável.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Continho!

Para iniciar, aí vai um conto meu, que já havia caído na grande rede mesmo...


Baby

Jaime era um cara comum. Nada havia nele que chamasse tanto a atenção dos menos observadores. E, como toda pessoa comum, possuía também suas excentricidades. Bastava conhecer alguém e já se apresentava: “Jaime, mas pode me chamar de James, é como o pessoal me chama”. Nunca vi ninguém chamá-lo assim, mas ele não desistia. Fã de James Coburn, não perdia um filme de faroeste. Provavelmente já havia assistido a todos, e mais de uma vez, mas não cansava.
Outra excentricidade sua era uma recente fixação pela palavra “baby”. Tentava usá-la a todo custo, na maioria das vezes sem propósito algum. Acabava ficando meio artificial, fora de contexto, forçada mesmo. Ele com certeza sentia os olhares de reprovação. Mas não desistia.
Tão logo pôde, juntou quase todas as suas economias para ir ao velho oeste buscar uma inspiração. Precisava falar “baby” para sentir-se bem. Com um pouco de sorte, encontrando as oportunidades certas, passaria alguns dias usando a tão sonhada palavra. Aí sim, voltaria com as energias recarregadas e de bem consigo mesmo. Sua auto-estima precisava disso. É verdade, o cenário não é lá o mais apropriado; talvez fosse melhor uma coisa mais rock’n roll, meio anos 60, 70, mas indo para o velho oeste Jaime realizaria também um sonho de criança.
A primeira coisa que fez, sem querer, foi esbarrar em um sujeito, gordo e grisalho. Mal-encarado, não aceitou o humilde pedido de desculpas de Jaime (ops, agora sim parece mais apropriado o “James”). O sujeito não quis nem ouvir os pretextos do rapaz, desacostumado com botas de couro, pois era a primeira vez que usava e ainda não caminhava com muita firmeza. Ainda debochou, perguntando se com tamancos ele estava acostumado. Andar sem muita firmeza no velho oeste pode ser perigoso, senão para a vida, ao menos para a reputação. Mas James não se deixou abater. Fingiu não ouvir a ironia e continuou a caminhada, ainda ouvindo os resmungos do homem. Talvez o Gordo nem estivesse de mau-humor, mas o velho oeste é assim mesmo: rudeza e grosseria são algumas das poucas leis aqui. Sem falar no cheiro ruim de tudo e de todos; banho não é bem uma prioridade por tais bandas.
Como era uma pessoa de paz, achou mais conveniente deixar o coldre com o revólver no quarto da pensão. Pretendia sair para dar uma volta, conhecer o lugar e tentar não arrumar problemas. Não poderia chegar matando. Sabe-se lá qual tipo de gente poderia encontrar pelo caminho. Ou o que mais poderia acontecer. Saindo da pensão, passou pelos Correios e Telégrafos e pela estação de trem, onde aproveitou para pegar um jornal do dia. Guardou-o embaixo do sovaco para ler depois.
Ia caminhando a passos tranqüilos, sem pressa. Vez ou outra escarrava para o lado, enquanto se aproximava do saloon. Empurrou as portinholas, avançou um pouco, ajeitou o chapéu e olhou para os lados, o olhar decidido e sério. O lugar era exatamente como ele sempre imaginou, ou como via nos filmes: enfumaçado, um pouco escuro (apesar de ser dia) e com um agradável som de piano ao fundo, ainda mais para quem não é tão exigente em termos musicais. Sorriu então com o canto da boca e ocupou uma mesa próxima à janela, pedindo em voz alta “um whisky, sem gelo”. Depois de tirar o chapéu começou a enrolar um palheiro, acendendo-o com o fósforo do dono da espelunca, quando este trouxe a bebida. No velho oeste não tem ainda essa história de “proibido fumar”. Também, se tivesse, o saloon ficaria entregue às moscas.
Tomou de um gole o whisky e ergueu o copo em direção ao balcão, pedindo outro. Abriu o jornal em cima da mesa e começou a ler, mais interessado no pôquer da mesa ao lado. Eram quatro os jogadores, mas só conseguia enxergar as cartas de dois deles, o de costas para ele e o de lado. Conseguiu ver o quanto blefavam, a não mais poder. Um sujeito obeso, que não reconheceu de imediato, pois estava de costas para ele, possuía apenas uma trinca de oitos, e o outro blefava com um ridículo parzinho de damas. Falavam alto e batiam na mesa, abafando o som de “Oh, Susana” que saía com sofreguidão do piano. Bebiam, enquanto isso, na mesma proporção dos blefes.
Dois whiskies e umas seis partidas depois, James se convidou para jogar, tendo de pagar cem dólares para entrar no jogo, e ainda ouvir os deboches do Gordo, já devidamente reconhecido. Ainda disse que “ali só jogavam homens, mas eles podiam abrir uma exceção para o forasteiro – é sempre bom tirar dinheiro de um otário”. A resposta foi instantânea:
– Já deve ter perdido bastante, então, não é?
O sujeito bateu na mesa e, levantando-se, quase encostou o nariz no de James para resmungar “não esqueci do encontrão horas atrás, palhaço…”
– E não vai esquecer também da surra nas cartas que vai levar agora.
Contido pelos outros, o Gordo sentou em seu lugar e a jogatina reiniciou. O pianista desistiu de tentar tocar e foi assistir ao jogo, assim como a puta que estava encostada (quase deitada) até então no piano. Ambiente mais silencioso, James sentou-se então com outra dose de whisky à mão. O dono da espelunca também postou-se em volta da mesa, com seu pano já meio marrom no ombro.
Após perder uma, duas e três partidas, começou a ganhar, uma atrás da outra. O Gordo e um outro, de cabelo enferrujado, levantaram-se de um golpe da cadeira, derrubando-a ao chão e insultando o vencedor. O sujeito propôs um duelo, mas James, em vão, tentou recusar. Não estava para briga, e sequer tinha o revólver consigo, mas de nada adiantaram seus argumentos. Estavam todos já na rua, em frente ao saloon, arrastados no burburinho causado pela notícia do duelo. Toda a freguesia do saloon foi correndo para lá também, e a puta do piano correu em direção ao James, pegou-o pelo braço e desejou boa sorte. Afirmou torcer por ele e prometeu um prêmio se conseguisse escapar vivo. Nisso ele já estava cara a cara com o rival, e conseguiu a muito custo convencê-lo a deixar buscar sua arma na pensão, apesar de mais de trinta homens terem oferecido as suas.
Correu então para lá e subiu aos tropeções os dois lances de escadas. “Droga, não dá nem para chamar esse sujeito de baby, senão a coisa piora”, ainda pensou. Lá chegando, colocou o coldre na cintura com o revólver já todo carregado, mesmo sabendo que não daria mais de um tiro. Com muita sorte conseguiria atirar uma única vez. Se disparasse, teria boas chances de acertar, dado o tamanho do alvo. Pensava nisso apenas para se acalmar, pois não possuía muita experiência com armas.
Desceu as escadas devagar, como quem está indo fazer algo contrariado. Ouvia ainda dezenas de vozes misturando-se na rua. Foi andando em direção ao Gordo, sempre encarando-o com o olhar fixo, sem desviar nem ao cuspir para o lado. O gosto do palheiro ainda estava forte na garganta, já seca. Depois de parar a poucos centímetros da cara do rival – apenas a distância da aba dos chapéus – a puta do piano veio fazer as honras do duelo. Virou-os de costas um para o outro e James sentiu de novo a maciez do seu toque e a esperança em seu olhar. Começou a contar lentamente os passos: um… dois… Fez-se o silêncio no povoado. E o sol escaldante refletia nas vidraças do saloon.
Cinco… seis…. calor infame, roupa de couro pesa - pensou.
Nove… dez… um giro rápido para trás, um estampido e o barulho de um corpo se estatelando no solo poeirento. Ainda teve tempo de achar insuportável o gosto de sangue misturado ao do palheiro. Deveria ter tomado mais whiskies. Ainda pôde sentir a maciez da mão da puta uma vez mais, enquanto ela segurava e repousava a cabeça em seu colo, acariciando-a como uma mãe faria a um filho. Ouviu-a ainda protestar, dizendo que ele não precisava ter feito aquilo, “não tinha necessidade” e outras coisas mais. James ia ouvindo cada vez menos, como se a voz dela estivesse sumindo. Quando sentiu que não ouvia mais nada e a vista escurecia, ainda teve forças e calma para dizer, com um leve sorriso nos lábios:
– No velho oeste é assim. Baby.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Bem-vindos!

Oi, estamos aí!!
A partir de agora um novo espaço para discussões, amizades, trocas de sutilezas, indicação de coisas boas da vida - literatura, músicas, filmes, gastronomia, cotidiano e o que mais surgir!
Hay que colocar essas mãos nervosas para trabalhar, pois a mente está inquieta com o que os olhos negros vêm captando ultimamente!