sábado, 13 de dezembro de 2008

Clarividência...

Não, não acredito em clarividência, esse título foi só para provocar mesmo, e, quem sabe, para despertar curiosidade!
Seguinte, hoje em dia muito² tem se falado em crise econômica, suas causas, "remédios", etc - é o assunto mais fácil de encontrar. Para fugir do comum, recorri a textos ou obras de antes dessa crise. Fui parar em Alain Touraine - Como sair do liberalismo?, de 1999.
Só um trechinho, que diz muito:

"A economia é um sistema de meios que devem ser postos para fins políticos [o grifo é meu]. Há uma imensa distância entre dizer 'é preciso libertar a economia das intervenções desajeitadas do Estado e de modos de administração social que se tornaram ineficazes', e dizer 'é preciso que os mercados se auto-regulem, sem intervenção externa'.
Esta segunda maneira de pensar tem um nome: capitalismo, que é tudo, menos essa globalização da economia da qual quanto mais se fala menos se define. O capitalismo é a economia de mercado quando esta recusa todo controle exterior e, pelo contrário, procura agir sobre a sociedade inteira em função de seus próprios interesses. O capitalismo é a sociedade dominada por sua economia." (p.21)

Relembrando, o texto é de dez anos atrás. A ausência do Estado na economia, característica até 1929 e depois novamente após a segunda metade do século XX, tende a redundar em crises cíclicas como a que estamos assistindo. Não é questão de azar.

4 comentários:

Goliath Whalietric disse...

Cara, até concordo que as coisas são cíclicas... Não é a primeira vez que a gente vê coisas ditas há um tempão atrás que se encaixam em contexto atual...

O que me assusta é que tendência deveria ser evoluir... Mas não parece ser assim... Ou será que é isso a evolução?

Cara, se for, pára o mundo que eu quero descer!!!

Mente inquieta disse...

É isso, provavelmente!
Faz tempo que a 'evolução' é comandada "de cima".
Nossa visão de evolução é que é romântica!

Milton Morales disse...

Concordo que o processo de quase tudo seja cíclico, vez ou outra com algo com alguma roupagem diferente (como em todos os movimentos literários, por exemplo, que um procurava se contrapor ao anterior), mas o mais importante, ao meu ver, é justamente a visão romântica que ainda temos de algumas coisas e que, salvo melhor juízo, ajuda muito pouco...

... a economia é essa, e dificilmente mudará drasticamente... hoje em dia, infelizmente, a falta do Estado se deve mais pelo enfraquecimento dele, que mesmo pela evolução/maturidade de conceitos econômicos, como o de uma mãe que vai deixando seu filho andar pelas próprias pernas aos poucos... e como um filho que não estava pronto para tanto, quando dá merda, ele volta para os braços da mãe, ou, nesse caso, os braços do Estado...

... decididamente, na minha opinião, um dos grandes aprendizados dessa crise é a necessidade da globalização de fato, pois é difícil conceber globalização, seja para o bem ou para ou mal, quando ainda existe tanta concentração de poder num só Estado, afinal, todos os países estão sendo afetados por uma crise local, norte-americana, mas que acaba por se alastrar por conta da dependência das economias perante esta que, por muito tempo, foi a primeira economia do mundo, longe da segunda colocada...

... hoje é preciso diversificar mais as economias e procurar outros mercados, o que, na minha opinião, entre erros e acertos, foi um grande movimento do Governo Lula, já que já temos muitos negócios com a China, Rússia, Índia, países em franco crescimento econômico (ainda que socialmente desordenado, mas que é problema deles, assim como o nosso é problema nosso)...

Abraços!

Mente inquieta disse...

Pois é; felizmente a distância entre a primeira economia e a segunda já diminuiu bastante!
Sem dúvida, o ideal é diversificar os parceiros econômicos ao máximo.