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domingo, 28 de fevereiro de 2010
Outros tempos!
"Como se verá na declaração hoje publicada nesta folha, está definitivamente resolvido que, a começar de 1º de janeiro proximo, o commercio do varejo fechará ao escurecer (7 e 1/2 horas). Essa deliberação, digna de applausos, é de grande alcance para caixeiros e patrões, que, assim, terão horas de lazer para cultivar e recrear o espirito, dedicando-se ao estudo ou a diversões uteis. Até agora em nosso meio, o pessoal empregado do commercio tem sido sobrecarregado de trabalho em demasia, com 12 e 14 horas de serviço diario! Em Buenos Aires, centro commercial de grande importancia e extraordinario movimento, as casas de negocio abrem ás 8 horas da manhã, fecham ás 11 e 1/2; reabrem-se á 1 hora da tarde e cerram as suas portas ás 6 e 1/4, dando, assim, a patrões e caixeiros a folga necessaria para refazerem as forças despendidas em cerca de 8 horas de continuo labor. O mesmo succede em Montevidéo e outras praças e o mesmo ha de se fazer ainda em Porto Alegre, sem prejuizo de ninguem e com vantagem para uma grande massa de cooperadores do nosso progresso"
Como se pode ver pela ortografia (e pelo estilo), a notícia não é nova. Nem poderia, neste estágio socioeconômico que vivemos. Na verdade, a notícia acima foi veiculada pelo jornal Correio do Povo em dezembro de 1909! Tempos em que não haviam ainda leis trabalhistas nem regulamentação da jornada de trabalho. Ainda assim, em Porto Alegre começava a despontar um leve espírito de humanidade, uma preocupação de que os trabalhadores passassem a ter um tempo para si, para lazer e para a família. Espírito de humanidade, é interessante notar, influenciado pelos hermanos platinos - veja-se a referência a Buenos Aires e Montevidéo.
Que diriam hoje, tempos em que se bota funcionários a trabalharem aos domingos e feriados?
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