terça-feira, 17 de agosto de 2010

Rio II

Tá, já saí daqui sabendo que iria ao básico do Rio (sugar breath, corcovado, ...). Afora isso, o primeiro e imediato lugar que de cara botei na cabeça que IRIA, custasse o que custasse, era o Palácio do Catete, sede do Governo Federal até a inauguração de Brasília, 1960. O objetivo era um só: entrar, conhecer, ver e viajar no local que abrigou os últimos suspiros de Vargas; ver seu quarto, cama, pijama, revólver, projétil, sala de reuniões, etc. Já conhecia tudo isso de fotos, mas precisava ver ao vivo. Explico: desde a primeira vez que ouvi falar do suicídio de Vargas que tal assunto me inquietou. E foi lá pelo final da infância. E me inquietou mais ainda o fato de o suicídio nunca me haver sido satisfatoriamente explicado. Nem pelos adultos em geral aos quais perguntei, na época, nem por professores. Tal pergunta, que teimava em ficar sem resposta para mim acabou por mexer de uma tal forma comigo, que, fissurado em História como sempre fui, comecei a ler por conta tudo o que encontrava a respeito do presidente. Suicídio em geral sempre é um tema que rende muitas análises, psicológicas, etc. O suicídio de um presidente, em pleno exercício do poder, então, me marcou muito. (a propósito, esta questão da pergunta não respondida ter me instigado tanto é para mim até hoje motivo de conflito profissional. Sempre que algum aluno me faz uma pergunta de História eu, feliz pelo interesse do aluno, desato a falar um monte, e depois me culpo por não ter deixado espaço para a inquietação...).

Enfim, fui crescendo, estudando e lendo muito a respeito do assunto. Veio a graduação e o TCC sobre Vargas; veio a pós-graduação e a monografia sobre Vargas. Veio o ano de 2004, cinquentenário da morte do presidente, e uma avalanche de materiais sobre ele, que fui lendo e me fascinando ainda mais. Virou um objetivo para mim, visitar o Palácio do Catete, o salão que abrigou a última reunião de Vargas com seus ministros, assessores, conselheiros, poucas horas antes do desfecho que marcou a história do país (e a minha, que nem nascido era!), as escadarias ornadas, a sala de jogos e o quarto, ainda com a mobília que presenciou o ato do presidente. O pijama com o furo na altura do coração, o revólver com cabo de madrepérola, a bala retirada do corpo...
Enfim, não conseguirei explicar o que se passou na minha mente ao entrar nesses lugares. Por tudo que li, pela riqueza de detalhes dos acontecimentos, que acho que domino, me passaram todas as imagens na cabeça, como se as tivesse vivido e apenas relembrasse. Os demais presentes provavelmente não entenderam meu êxtase no local, mas viram, pelos pelos (o que faz a nova ortografia, ao eliminar o acento da palavra...) dos meus braços, os arrepios que percorriam meu corpo ao adentrar alguns recintos do suntuoso palácio...
Experiência única, indescritível e sem preço.
Aconselho muito a visita, mas aconselho ler, estudar e conhecer um pouco das histórias que se passaram lá dentro.

(as fotos estão escuras porque só é permitido no interior do Palácio o uso de câmeras sem flash)

3 comentários:

Isa disse...

Bah sor, fiquei com muita vontade de conhecer esse lugar.
Deve ser impressionante mesmo!
Bjus

Anônimo disse...

sor o jeito que tu descreveu o lugar é simplesmente fantástico!
fiquei arrepiada só de ir lendo...
puts naum coneheci la ainda,mas na próxima vez que eu for ao Rio vai ser meu grande objetivo..soakosk
Ôô passeios que valem esses!
BJBJ
dessa

Mente inquieta disse...

Vai mesmo, Isa, assim que puder; te dá este presente!

Dessa, pode ter certeza que não consegui exprimir tudo o que penso e que senti!

bjs