terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Só de um lado?

Vou escrever pouco, porque o artigo de Christopher Goulart já diz tudo. Está no Correio do Povo de hoje, 05/01/2010, pág. 4. É sobre o Plano de Direitos Humanos, que vem causando polêmica, entre ministros e militares, por expor o nome de oficiais que teriam cometido crimes durante a ditadura de 1964-1985.
Sabemos o nomes de várias pessoas que cometeram crimes como assassinatos, assaltos a banco, sequestros, etc, como Marighela, Lamarca, Dilma Rousseff, Gabeira, entre tantos outros, que acabaram por isso recebendo a alcunha de terroristas. Por quê não podemos saber o nome de tantos outros, que cometeram também assassinatos, mas outros crimes, como os mais variados tipos de torturas?
Os chamados """terroristas de direita""" não precisam de anonimato? Por quê os """de direita""" precisam?

O link é esse, mas parece que quem usa o firefox não está conseguindo abrir, então colei o texto também aí embaixo. Fiquem à vontade!

Enfim, lê aí; é curto e diz muito!

Verdade não é revanchismo
Christopher Goulart

A anunciação do Plano de Direitos Humanos, publicada no Diário Oficial da União no dia 22 de dezembro, causou alvoroço na caserna. Comandantes do Exército, da Aeronáutica, da Marinha e até mesmo o ministro Jobim ameaçam pedir demissão, caso não sejam retirados alguns trechos do plano. Previsível demais! Toda vez que se propõe um debate no Brasil, questionando-se os crimes cometidos pelo Estado durante o regime de exceção, rapidamente surgem os saudosistas da ditadura militar para taxar tais atos de "revanchismo".
É a velha política dos rótulos inconsequentes, com a intenção de ludibriar boa parte da sociedade brasileira. Foi assim na década de 60, quando taxavam o presidente Goulart de comunista, na busca desesperada de um falso argumento para justificar o desrespeito à Constituição federal. Eram tempos de radicalismos. Preto ou branco. Capitalista ou comunista. Vida ou morte. Durante os longos 21 anos de repressão, após a derrocada inconstitucional de Jango, a Doutrina de Segurança Nacional e os Atos Institucionais encarregaram-se de consolidar a política da censura, do medo e da violência. Como se vê, falar sobre verdades não é revanchismo.
O agravante desses crimes, praticados contra cidadãos que tinham convicções políticas divergentes dos generais-presidentes, reside justamente no fato de serem estes agressores representantes do Estado brasileiro. Ou seja, ao invés da obrigação constitucional do Estado de zelar pela integridade física de cidadãos, torturadores demonstravam habilidades com o pau de arara, o choque elétrico, a violação sexual e tantas outras repugnantes formas de agressões aos direitos humanos.
Contudo, não faltarão aqueles a recordar que setores de esquerda empenharam-se na luta armada contra o governo. Lembrarão de David Capistrano, de Marighela, de Lamarca, ou até mesmo de Dilma Rousseff. Estes, não querem assimilar jamais que violência gera violência. E o golpe de 64 foi uma violência contra o povo brasileiro.
Em decorrência de alguns frágeis argumentos que amparam a impunidade, acompanhamos pacificamente a postergação da solução para uma ferida não cicatrizada deixada pela ditadura. O fato é que, ao desvendar estes crimes obscuros, não é o revanchismo a palavra de ordem, mas, sim, justiça.
Por que não conhecer os nomes de pessoas que praticaram crimes na ditadura, representando ao Estado brasileiro? Por que não identificar e tornar públicas as "estruturas" utilizadas para violações de direitos humanos? Num Estado democrático de direito e numa nação civilizada, espera-se o compromisso com o respeito aos direitos da pessoa humana e, principalmente, a busca da verdade.
(Presidente da Associação Memorial João Goulart)

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