sábado, 18 de setembro de 2010

Reflexões hospitalares!

Coloquei no post anterior que minha concepção de tempo mudou. Na verdade as internações serviram para me mostrar algumas coisas:
- não me acho. Tenho pavor (e mantenho distância) de gente que se acha o centro do mundo. Ainda assim, aprendi que não sou mais do que um grão de areia (nunca pensei ser mais do que isso mesmo) em meio a esse mundo caótico. Aprendi que o meu tempo é só o MEU tempo. Por mais que tenha pressa, a pressa será só minha. As outras pessoas, o mundo, tem seu próprio tempo. Por mais que tenha dor e aperte a campainha (luz) do quarto do hospital, o auxílio não virá na hora que eu quiser/ precisar. Se for troca de turno ou hora de os atendentes passarem nos quartos para medir os sinais vitais dos pacientes todos, eu que aguarde. E a dor também.
- a vida é feita de instantes, e tudo é relativo. Ainda este ano fiz meu primeiro check-up (35 anos), com todos exames possíveis, e deu TUDO absolutamente bem, tive minha saúde elogiada pelo médico. Nunca, nestas três décadas e meia, tive qualquer problema de saúde maior do que alguma gripe ou as doenças infantis. Minha presença em hospitais se resumia a visitar parentes. E eis que...
- pós-hospital, e ainda referente ao tempo: tenho aos poucos aceitado que o dia só tem (e sempre terá) 24 horas. Este sim é o aprendizado mais difícil, para alguém tão atarefado. Mas necessário. É preciso aprender a conviver com isso. Das 24 horas, tirando-se umas 5 ou 6 para o sono, 2 para as refeições todas, 1 para os banhos, e uns 40 minutos para os deslocamentos, o que sobra é trabalho. Fora ou em casa. Se der tempo de fazer tudo o que preciso, beleza. Se não der, que fique para outro dia. Não posso deixar de fazer qualquer das coisas citadas acima. Ah, e vez ou outra vou ter de tirar ou achar um tempinho para mim, ou o corpo vai novamente me forçar a isso...
- há coisas (e não são poucas) que, embora não entendamos - ou não concordemos - , precisamos aceitar. Se o médico prescrever que é necessário ter de passar por 50 horas de jejum, paciência. Se, dias depois, tiver de passar por mais 62 horas de jejum total (nem água), paciência também. Se sair do hospital com 8 quilos a menos e tiver de enfrentar os olhares entre assustados e apiedados dos conhecidos, mais paciência e coragem. Com o tempo as pessoas acostumam (ou volto a engordar).
- na verdade um dos grandes aprendizados foi exatamente este: o exercício da paciência, coisa que sempre me faltou. E o conhecimento do corpo, dos limites e das mais variadas dores (e da capacidade de suportá-las).


Enfim, há tempos não se via um post tão melancólico e filosófico como este.
Aspectos positivos desta experiência: pude ler bastante nos momentos sem dor (coisa que já não conseguia fazer em casa, pelo excesso de trabalho) e, principalmente, me senti importante e querido com todas as manifestações de carinho, visitas, ligações e mensagens que recebi. Faz muito bem esse sentimento de vez em quando...

2 comentários:

Isa disse...

Amado sor...

Amei o teu post, mas olha só uma coisa. Nós somos uma gota num oceano, pode não parecer muita coisa, mas sem ela, o oceano teria uma gota a menos, entendeu?
Ouço há tempos essa frase: Nós não nascemos com paciência, nós aprendemos a conquitá-la com o passar do tempo.
Dá uma olhada no meu blog, tem um post que fala sobre as sequóias.

Melhoras, beijos

Mente inquieta disse...

Pior, Isa, é exatamente isso - mas ô aprendizado difícil...

Valeu, bjs