quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

1822 - ou ainda aquele velho ranço...


Acabei de ler o 1822, do Laurentino Gomes. Bom livro e recomendo a leitura.

Acho que já comentei por aqui, mas não custa reforçar (até porque não estou a fim de procurar mesmo!), pois tem muita gente que torce o nariz para este ou outros livros do autor ou do gênero (livros sobre História escrito não por historiadores, mas por jornalistas).

A maior parte do ranço está nos velhos argumentos de que "não diz nada de novo" ou "fica caricaturizando a História".

Vamos por partes.
1. Quanto a não trazer nada de novo, é verdade. Até porque a base da pesquisa do autor é em outros livros e artigos (fontes secundárias, portanto), de historiadores. Quem é historiador e pretendia encontrar novidades, novas descobertas nos livros do Laurentino Gomes precisa rever seus conceitos - sobre descobertas, sobre livros ou sobre História.

2. Quanto a caricaturizar a História ou pegar particularidades e colocá-las no centro da discussão, também há que se registrar que o historiador que lê estes livros sabe (ao menos deveria saber) discernir o que é Historia o que é regra e o que é exceção. E quem não é historiador, então, tem um prato cheio, tem bons pontos de partida para buscar mais informações sobre o que está lendo... Na verdade, o grande mérito deste tipo de leitura, iniciado no Brasil, creio eu, com os livros do Peninha (a trilogia do descobrimento, às vésperas dos "500 anos" é o de aproximar o público 'comum' da História. Poucos não-iniciados em História pegavam antes livros de História para ler, até porque a maioria esmagadora dos livros de História escritos por historiadores destina-se mesmo A historiadores (salvo algumas exceções, como Mary Del Priori). O academicismo e muitas vezes a linguagem acaba afastando o público comum dos livros de História. A popularização da História acabou acontecendo mesmo através destas obras que a "traduzem" para o público comum. Isso explica a grande quantidade e o sucesso de revistas de História que temos hoje, bem como as séries de livros e filmes com fundo na História. Quem lê E GOSTA acaba indo atrás de mais informações, e bebendo em outras fontes. Eu mesmo tenho alunos que já no ensino fundamental, aos 12, 13 anos leem e comentam comigo sobre estes livros (1808, 1822, 1889...), espontaneamente, sem a leitura ter sido cobrada e muitas vezes até sem estarmos estudando tais assuntos. Alguém aí duvida da crescente popularização da História nos últimos anos?

Enfim, vale sim a leitura, e mais ainda se ela for ponto de partida para aprofundamento em outras fontes!

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