Lá em março, no História em suas mãos, comentava aquilo que chamei de "persistência da idiotice" (leia aqui), o grande - absurdo - número de grupos e agremiações de cunho nazi-fascista que ainda existem hoje na Europa. Naquela postagem citei alguns países, mais significativos, deixando a Noruega de fora (vou eu imaginar...). Há no país pelo menos quatro grupos/ forças políticas de extremíssima direita, com discurso e prática nazi-fascista. A questão, como se vê, não é tão simples assim. Há muito o que explorar/ ponderar a respeito. Não pretendo esgotar o assunto, mas vamos pensar um pouco sobre algumas questões.
- o 'matador' norueguês, Anders Behring Breivik tem consciência do que fez, mas diz ter sido 'necessário'. Os europeus usavam o mesmo argumento da "missão civilizadora" para dominar, normalmente de forma violenta, a África nos tempos do Imperialismo ou Neocolonialismo (final do século XIX/ primeira metade do XX) - sabemos no que deu. Mais, tal pretexto se ouviu também no Tribunal de Nuremberg, que julgou várias lideranças nazistas. Portanto, tal argumento invocado pelo matador não é de maneira alguma inocente/ inédito/ bobo
- há que se ter cuidado também com as ideias dele, pois muita gente defende/ comunga os mesmo ideais, basta ver o número de agremiações de tal perfil que ainda pairam pelo mundo. Mesmo muitos dos que se dizem escandalizados pelos acontecimentos da Noruega no fundo também são tão (ou mais) xenófobos, racistas e preconceituosos quanto o Breivik
- a crise econômica se abate sobre várias e extensas áreas da Europa, há alguns anos já. Em vários países do Velho Mundo assolados pela crise econômica reapareceram e ganharam força os discursos que associam a crise, o desemprego, a violência, etc., a estrangeiros/ imigrantes, etc. Questão complicada e delicada, que não vem recebendo a devida atenção por parte dos governos e dos envolvidos
- indiretamente, o assassino colocou o governo do país em um difícil e imbricado jogo de xadrez. O governo já anunciou que a questão será resolvida de maneira democrática,e aí vem um problema de difícil (ou impossível) resolução. Os regimes fascistas rejeitam a democracia, considerada por eles como um regime fraco, ineficiente - por isso tais regimes são totalitários. Tal questão, extrema, sendo tratada de maneira rigorosamente democrática certamente não gerará a punição que o assassino merece (a lei do país permite apenas 21 anos de detenção, a menos que o crime seja enquadrado como 'crimes contra a humanidade', que possibilita 30 anos, o que não é nada perante as dezenas de assassinatos), dando o argumento para os demais defensores/ grupos que comungam tal ideologia. Por outro lado, tratar a questão com 'mão de ferro' para garantir o desfecho ideal para o assassino, serviondo de exemplo para os demais partidários, aproximaria o governo de um totalitarismo, defendido pelos grupos... Tipo da questão sem resolução. Ou, como já diria a minha avó (que não conheci), se correr o bicho pega, se ficar o bicho come...
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