"(...)
Há vinte anos!...
O que eu era, então! Ora, era outro...
Há vinte anos, e as casas não sabem de nada...
Vinte anos inúteis (e sei lá se o foram!
Sei eu o que é útil ou inútil?)...
Vinte anos perdidos (mas o que seria ganhá-los?)
Tento reconstruir na minha imaginação
Quem eu era e como era quando por aqui passava
Há vinte anos...
Não me lembro, não me posso lembrar.
O outro que aqui passava então,
Se existisse hoje, talvez se lembrasse...
Há tanta personagem de romance que conheço melhor por dentro
De que esse eu-mesmo que há vinte anos passava aqui!
Sim, o mistério do tempo.
Sim, o não se saber nada,
Sim, o termos nascido a bordo.
Sim, sim, tudo isso, ou outra forma de o dizer...
(...)"
Claro que estas palavras não são minhas. Conheço-as todas, mas não conseguiria colocá-las nesta ordem. Tive de recorrer ao poema 'Realidade', de Fernando Pessoa, para expressar um pouco do que sinto.
Vejo os anos se empilhando uns por cima dos outros e começo a me dar conta de que não estou vivendo-os. Recorro à certidão de nascimento e comprovo a passagem do tempo. De fato, ele apenas passa...
Legenda da foto: "Neste tempo eu ainda vivia..."
6 comentários:
como tu tava tão alto? agora acredito que tu andava de skate... aiosjaisja
o que dizer quanto ao tempo...melhor não dizer...
beijos
Cara, eu lembro da casa, do skate e até do skatista! Hehehehe
Agora só falta uma foto com o bodyboarding! Eu lembro até do astrodeck que perdi lá... E tu sabia que ía perder! Huahuahua
Carinha, que saudade deste tempo... Bons tempos.
Bah..esse poema é muito lindo, profundo e verdadeiro! Faço minhas as palavras do poeta e também as tuas, amigo skatista! E, tanto aquelas como essas fizeram-me lembrar de um outro poema ao qual, neste momento, prefiro recorrer, talvez (e ter consciência disso já é a dor hehehe) pela total vulnerabilidade de ser humano, o, do Caetano: Oração do Tempo. Vou colocá-lo aqui como uma ladainha, esperando que Cronos tenha piedade de nós. Kisses
Oração Ao Tempo - Caetano Veloso
És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo..
Bons tempos, em que podia me dedicar ao skate, Dessa... ou a mim mesmo!!!
bjs
Goliath, põe saudade³ aí!!! Muita, MUITA lembrança boa mesmo!!!!
Aquele abraço!
Sábias palavras, Margarida, as tuas e as do filho da Dona Canô! Assunto para dissertações e mais dissertações!
Bjs
E... e tempo passa e nem quando nos damos por conta, a vida se foi...
Ju
Exatamente...
bjs
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