"No primeiro momento de escrever é totalmente intuitivo. Depois vem o trabalho braçal. Os dragões [Os dragões não conhecem o paraíso], eu reescrevi seis ou sete vezes, mas parti para o trabalho só depois que tinha a magia dele sob controle." (Caio Fernando Abreu)
É esse cuidado/ obsessão que explica a qualidade dos textos de Caio Fernando Abreu. Reli agora o ótimo O ovo apunhalado, publicado em 1975, aos 27 anos de Caio (e quando eu fazia 1 ...). Texto intenso, muitos fluxos e muito o que divagar a cada conto. Nos contos (era a sua segunda coletânea no gênero) já são nítidas as críticas, diretas ou não, à sociedade de consumo supérfluo; as histórias de repressão - ou vazão - dos impulsos e valores individuais (que podem, em alguns casos, ser interpretados até mesmo como coletivos) e também alguma nostalgia. Sentimentos e conflitos pessoais do autor, que viveu, como sua obra, de maneira intensa. Ou, nas suas palavras, "abrace a sua loucura antes que seja tarde demais."
A imagem é da edição da L&PM Pocket, bem baratinha, acho que uns 12 pilas; nada para uma obra dessas!
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