"Quando o Brasil era a Terra de Santa Cruz, as mulheres tinham de se enfear e os homens precisavam dormir de lado, nunca de costa, porque a 'concentração de calor na região lombar' excitava os órgãos sexuais. e nos momentos a dois - geralmente no meio do mato, e não em casa, porque chave era artigo de luxo e não era possível fechar as portas aos olhares e ouvidos curiosos -, as mulheres levantavam as saias e os homens abaiavam as calças e ceroulas. Tirar a roupa era proibido. E beijar na boca? Bem... sem pasta e escova de dentes, difícil.
Mas como o proibido aguça a vontade, a instituição que mais repreendia os afoitos, ironicamente, acabou se tornando o templo da perdição. onde mais as pessoas podiam se encontrar, trocar risos e galanteios e até ter relações sexuais, sem despertar suspeitas, se não no escurinho... das igrejas?!"
Isto é um trecho da contracapa do livro Histórias íntimas - sexualidade e erotismo na história do Brasil, de Mary del Priore. Para ler e curtir em algumas horas, imperdível mesmo! Para quem gosta de história, para quem curte mitos e crendices de tempos antigos e aquelas histórias e costumes do tempo da nossa avó!
Mas o livro vai além: começa no Brasil colonial e vai até os dias atuais, abordando pedofilia, Michael Jackson, Bruna Surfistinha e as mulheres frutas, com senso crítico apurado e ironia na medida certa. Escrito com maestria pela historiadora, que já abordou temas do cotidiano em dezenas de obras. Linguagem muito fácil e acessível a qualquer pessoa, sem ranços e academicismos típicos em outros livros de História, que acabam muitas vezes por afugentar curiosos e pessoas predispostas a ingressarem no fascinante mundo desta disciplina. Ponto para a autora e para a História!
Enfim, vai atrás do livro!
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